Quantas pessoas há na Trindade?

Esboço da postagem:
1 – Introdução
2 – Quantas pessoas há na Trindade
3 – Exemplos bíblicos (At – Nt)
4 – Uma reflexão sobre o batismo de Jesus
5 – Conclusão


Passo a Passo para o Reino de Deus

Parte 2 - Capitulo 9

Quantas pessoas há na Trindade?

Vimos em toda a parte 2 do nosso especial temas que nos levam a conhecer mais sobre o nosso Deus, hoje veremos que o mesmo Deus que age na Bíblia é visto como 3 pessoas, o que chamamos de Trindade e que diferente do que muitas pessoas podem pensar as três pessoas na Trindade não demonstram 3 Deuses e sim um único e verdadeiro Deus.

Este é um pensamento estranho à mente humana, estamos acostumados demais ao nosso modo de viver para levar em consideração Deus ser três e um ao mesmo tempo, mas o que vemos na Bíblia é exatamente isso. Não existe nem mesmo um exemplo que seja suficiente para compreender que um Deus é três enquanto é um único ser e aparentemente a Bíblia não tenta nos explicar isso com tantos detalhes também. Podemos afirmar aquilo que lemos e cremos e isso é Deus é único, visto em três pessoas diferentes, mas com uma única essência em toda a história humana e as provas Bíblias são impressionantes, como veremos mais adiante.


Quantas pessoas há na Trindade?

Por mais difícil de compreender, volto a afirmar, Deus é único, ou seja, só existe um Deus verdadeiro. Porém, este mesmo Deus verdadeiro e único é visto em toda a história em três pessoas distintas em seu ser e iguais em essência. Para facilitar nossa compreensão antes de passar aos textos bíblicos vou trazer alguns textos de teólogos conhecidos que nos ajudarão.

O concílio de Nicéia:
Cremos em um só Deus, o Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E um só Senhor, Jesus Cristo, o filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas vieram a ser, coisas no céu e coisas na terra, o qual, por nós, homens, e por nossa salvação, desceu e Se encarnou, tornando-Se homem, sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas, quanto àqueles que dizem “tempo houve em que ele não existia”, e “antes de nascer ele não era” e que ele veio a existir do nada, ou que afirmam que o Filho de Deus procede de uma hipóstase [teol. união das naturezas humana e divina na pessoa de Cristo] ou substância diferente, ou é criado, ou está sujeito a alteração ou mudança – a esses a igreja Católica (Universal) anatematiza [amaldiçoa, reprova ou condena].

Já em 325 d.C. haviam desenvolvido a teologia da Trindade e compreendido Deus como três e um ao mesmo tempo e como podemos ver no final da declaração de fé foi rejeitado algumas ideias a respeito de Deus e da Trindade, um desses pensamentos ligavam parte da Trindade à uma relação entre o homem e Deus, tristes resultados equivocados.

João Calvino
Por que, como poderá o entendimento humano compreender, com a sua débil capacidade, a imensa essência de Deus, quando nem sequer consegue determinar com certeza qual é o corpo do sol, mesmo que todos os dias o vê com seus olhos? Assim mesmo, como poderá penetrar por si só a essência de Deus, uma vez que não conhece nem a sua própria? Portanto, deixemos a Deus o poder de conhecer-se.

Rev. Leandro Antonio de Lima
Podemos definir a doutrina da Trindade como um Deus em essência, mas que subsiste em três pessoas distintas… A essência de Deus não é dividida entre as três pessoas da Trindade; ela é absoluta, completa e perfeita em cada uma delas. Não são três partes de um só Deus, nem três deuses, é um Deus, uma substância em três pessoas – Dentro da Trindade existe absoluta igualdade e essência, logo, não existe qualquer grau de subordinação, nem mesmo de honra. O Pai não é maior em essência do que o Filho e nem o Filho é maior do que o Espírito Santo. O Pai não deve ser mais adorado do que o Espírito, nem o Espírito mais do que o Filho. Entretanto, há características próprias em cada uma das pessoas da Trindade, as quais não são encontradas nas demais.

Augustus Hopkins Strong
A doutrina da Trindade pode expressar-se nas seguintes seis afirmações: 1) Há na Escritura três que são reconhecidos como Deus; 2) Esses três são descritos de tal modo que somos compelidos a concebê-los como pessoas distintas; 3) Essa tripessoalidade da natureza divina não é simplesmente econômica e temporal, mas imanente [que está inseparavelmente contido na natureza de um ser ou de um objeto; inerente] e eterna; 4) Essa tripessoalidade não é o triteísmo; pois, conquanto haja três pessoas, há apenas uma essência; 5) As três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais; 6) Inescrutável, embora não autocontraditória, essa doutrina fornece a chave de todas as outras doutrinas – O termo ‘Trindade’ não é metafísico é apenas a designação de quatro fatos: 1) o Pai é Deus; 2) o Filho é Deus; 3) o Espírito é Deus; 4) há um só Deus.

A Trindade na Bíblia

Há muitos exemplos que nos mostram haver três pessoas distintas na Trindade, irei citar apenas alguns para que você veja de forma nítida a ação de Deus da forma como foi proposta no título do estudo. Essa seção foi extraída do livro “Razão da esperança” assim como outras citações acima. Méritos completos no final deste documento.

Antigo Testamento: 
1 – A repetição dos nomes de Deus na Benção Araônica: Na Benção Araônica lemos: “O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê paz” (Nm. 6.24-26). Três vezes na passagem aparece o título Senhor. À luz da revelação do Novo Testamento, especialmente da benção apostólica, na qual as três pessoas estão claramente distintas (2Co. 13.13), conseguimos ver na benção araônica indícios da Trindade.

2 – O Anjo do Senhor: Uma boa referência no Antigo Testamento a respeito da Trindade encontra-se na pessoa do Anjo do Senhor. O caso é que algumas vezes esse Anjo, que deve ser distinguido dos demais anjos, se identifica com o próprio Senhor, enquanto em outras ocasiões ele é distinguido do Senhor, o que nos leva a pensar em pluralidade de personalidade (ver Gn. 16.7-13; 22.15,16; 31.11-13; Êx. 3.2-6; 23.23; 32.34; Nm. 20.16). Geralmente, associa-se essa figura do Anjo do Senhor com a Segunda Pessoa da Trindade.

Novo Testamento:
1 - Na obra da Salvação: A Escritura mostra em passagens como 1 Pedro 1.1,2 e Judas 20-22, Pai, Filho e Espírito Santo agindo em pé de igualdade na vida dos crentes na eleição, na redenção e durante todo o processo da santificação. A Trindade conjuntamente age em favor dos escolhidos.

2 – No Ensino de Cristo: Ao mesmo tempo em que Cristo disse que Deus era seu Pai que estava no céu (Mt. 5.16; 7.21; 11.25-27), ele disse que não eram a mesma pessoa (Mt. 16.27; Jo. 10.17), e disse também que era “Um” com ele (Jo. 10.30; 38). A comparação entre as palavras de Jesus nos leva a crer que a Divindade é composta por mais de uma pessoa. E esse certamente é o maior argumento bíblico a favor da divindade: a consciência do próprio Jesus. Ele sabia e demonstrou que era alguém diferente do Pai e, ao mesmo tempo, “um” com o Pai.

Uma reflexão sobre o batismo de Jesus 

Durante o processo de pesquisa e estudo para este tema encontrei algumas ligações escriturísticas mostrando todo o plano divino para a redenção dos seus eleitos em um único e quase ignorado texto no Novo Testamento. Usaria tal texto para mostrar a Trindade agindo ao mesmo tempo de formas diferentes, porém, o que consegui absorver pode ser usado para firmar nossa fé quanto a salvação conquistada por Cristo Jesus e expressa em toda Escritura. Antes de passar à reflexão e às ligações leremos o texto em questão:
“E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no Jordão. E imediatamente, saindo da água, ele viu os céus abertos, e o Espírito como pomba descendo sobre ele. E ali veio uma voz do céu, dizendo: Tu és o meu Filho amado em quem eu me comprazo.” (Marcos 1.9-11)
O texto aparentemente comum e não pouco importante nos mostra algumas ligações bíblicas importantes que nos ajudam a compreender a obra completa de Cristo, aquilo que Ele havia planejado e o que certamente acontecerá, veremos verso a verso.

9 - E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no Jordão.
 Este texto é importante pois nos mostra que o batismo nas águas e o arrependimento de pecados havia sido divinamente instituído antes mesmo de termos o conhecido início do cristianismo. Antes mesmo de Jesus pregar o arrependimento, João, a voz que clamava no deserto havia proclamado a importância de tal atitude. Vemos Jesus fazendo o mesmo em relação ao arrependimento mais tarde nos versos 14,15. Jesus dando exemplo de como devemos agir cumpriu com o que deveria cumprir e foi batizado como todos os outros ainda que não tendo pecado algum.

10 - E imediatamente, saindo da água, ele viu os céus abertos, e o Espírito como pomba descendo sobre ele. 
Temos pelo menos duas revelações divinas descritas por Marcos. Primeiro o apóstolo viu os céus abertos, uma referência a pelo menos dois fatos sobre a vinda do Messias:

1 – O céu olhou para a terra e se abriu para nós, que fazemos parte dos planos do Senhor quanto a salvação. A vinda do Messias significa que nós temos acesso ao céu, seja em oração para falar diretamente com Deus através de Jesus seja na sua vinda como santos eleitos de Deus. O fato é que temos agora um acesso definitivo e completo ao céu. O escritor da carta aos Hebreus conseguiu definir bem esse fato, lemos:
“Sabendo que temos um grande sumo sacerdote, que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, retenhamos firmemente a nossa fé. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa se importar com as dores de nossas enfermidades, porém um que em todos os pontos foi tentado, assim como nós, porém sem pecado. Portanto, acheguemo-nos confiantemente ao trono da graça, para que possamos obter misericórdia e achar graça e auxílio em tempo de necessidade” (Hb. 4.14-16)

2 – O texto também se refere à sabedoria celeste na terra, ou seja, Deus estava na terra e seria vencedor, esta visão foi dita pelo profeta Isaías e mostra não apenas a aparição do Messias, mas declarava a sua vitória:
“Ó! Que tu violentamente rasgasses os céus; que descesses para que os montes pudessem se derreter diante da tua presença. Como quando o fogo derretedor queima; o fogo fez as águas ferverem, para fazer teu nome conhecido aos teus adversários, para que as nações possam tremer à tua presença! Quando tu fizeste coisas extremas, as quais nós não esperávamos. Tu desceste, os montes se derreteram diante da tua presença” (Is. 64.1-4).

Aqui vemos ainda uma ligação muito próxima com a revelação escrita no Salmo 2 que nos conta exatamente o que Deus havia planejado desde a eternidade para nós que estamos na terra. Aqui mais especificamente com o verso 9: “Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os arrebentarás em pedaços como a um vaso de oleiro” e ainda com o texto de Apocalipse 19 versos 11 e 12: “E eu vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele era chamado de Fiel e Verdadeiro; e com justiça julga e guerreia. Seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitas coroas; e ele tem um nome escrito, que nenhum homem conhecia, senão ele mesmo. E ele estava vestido com veste banhada em sangue; e o seu nome é chamado de: A Palavra de Deus”. (rf. João 1.1).

O verso 10 ainda nos mostra que o Espírito Santo desceu a Jesus como “pomba” e mostra que agora o povo de Deus teria esperança e segurança quanto a sua resposta divina. É certamente uma ligação como texto de Gênesis 8.10,11:
“E ele ficou mais outros sete dias, e novamente enviou a pomba para fora da arca, e a pomba veio a ele à tarde, e eis que no seu bico estava uma folha de oliveira arrancada. Assim Noé soube que as águas haviam diminuído de sobre a terra”.

Noé usou uma pomba para conhecer a segurança após Deus ter castigado toda a terra salvando apenas a sua família, a vinda do Messias certamente garantiu a nossa segurança. Se Ele veio como prometido não há nada mais que o impeça de nos salvar e ainda temos a certeza de que essa salvação é completa uma vez que ela não foi feita em cima da hora e sim planejada na eternidade. Deus não pode ser surpreendido e ter seus planos impedidos, isso mostra que ele vai de fato realizar o que prometeu e que sua promessa está viva!

11 - E ali veio uma voz do céu, dizendo: Tu és o meu Filho amado em quem eu me comprazo. 
Após vermos o Filho e o Espírito Santo agindo ao mesmo tempo e em pessoas distintas do céu se ouve a voz do Pai, afirmando que Jesus não era algo como um profeta especial, ele é o seu Filho amado concluindo com a afirmação de que Deus se agrada do Filho, não são afirmações simples. O Pai é Deus e para se agradar completamente de alguém este precisa ser santo como o Pai é, e sabemos que ninguém consegue ser assim. Jesus não só era santo, ele é o próprio Deus. Por isso a afirmação dupla do Pai quanto ao Filho: Meu Filho amado; Eu me agrado de ti.

Marcos ainda ouve aqui uma afirmação profética descrita no Salmo 2 a respeito de uma guerra vencida. O verso 11 se refere ao verso 7 do Salmo onde lemos:

“Eu declarei o decreto; o Senhor me disse: Tu és meu Filho; neste dia eu te gerei.” e ainda em Isaías 42.1 que lemos: “Eis aqui meu Servo, a quem eu sustenho. Meu Eleito em quem minha alma se deleita. Eu tenho posto meu Espírito sobre ele. Ele irá produzir justiça para os gentios”. Agora ligue estas informações ao Salmo 2 e você entenderá que toda história da humanidade já está planejada e executada desde a eternidade, farei um breve resumo do Salmo a fim de clarear ainda mais a sua visão:

Salmo 2.1-12

Versos 1-3 – Vemos aqui uma união terrena contra Deus e o referido Ungido é o próprio Jesus. Deus mostra aqui que conhece os planos dos homens desde a eternidade uma vez que ele está se referindo em todo o Salmo sobre coisas futuras. Há uma ideia subliminar de que Deus se surpreende com os homens, este texto mostra o contrário. No verso 3 o homem mostra querer não depender mais de Deus ou que sua rebeldia o faz desejar estar longe de Deus.

Versos 4-5 – Deus zomba da audácia dos homens em tentar suprimir a sua verdade ou a sua existência, o que fica explícito aqui é que Deus não se preocupa em perder pois conhece o quão frágil é o ser humano, ser criado por Ele mesmo. No verso 5 vemos alguns dos planos de Deus para os ímpios e o seu completo desprezo pelos mesmos.

Versos 6-7 – Temos aqui a instituição do plano de Deus quanto à vinda do Messias, texto mais claro possível mostrando que Deus planejou antes a vinda do seu Filho.

Versos 8-9 – Vemos aqui duas coisas diferentes; primeiro Deus diz: “Pede-me, e eu te darei os pagãos por tua herança” e depois “as partes externas da terra por tua possessão” que pode indicar duas coisas, primeiro que aqui Deus está dando as pessoas a Jesus, como Ele mesmo ensina em João 10 e segundo que Deus está dando autoridade a Ele nos céus e na terra. O verso 9 talvez se refira ao que Jesus faria com os ímpios na sua volta; “Os arrebatarás em pedaços” se referindo ao julgamento do ímpio. Para Spurgeon aqui contém a revelação quanto a vitória sobre os ímpios, a chave para compreender este ponto de vista está nos próximos versos.

Versos 10-12 – Os últimos versos funcionam como o evangelho. É um chamado aos poderosos da terra, talvez aqueles que incitavam a violência contra Deus, ao arrependimento para que “ele não se ire, e pereçais do caminho, quando sua ira for acesa”. Isto é um chamado que não invalida o seu retorno e a sua justiça uma vez que nem todos darão ouvidos a Deus.

Portanto, a vinda do Messias não é apenas profética, ela traz consigo todas as realizações prometidas no Antigo Testamento e garante que os planos de Deus para os homens se cumprirão. Se sabemos que se cumprirão podemos ter certeza de que uma vez alcançados pela graça de Deus estaremos livres de todos os males que aguardam os ímpios que não se prostraram diante daquele que foi enviado para nos salvar, isso deve servir como uma segurança da nossa fé. Somos aqueles que ouviram o Messias, foram alcançados pela sua palavra e recebemos a salvação, não desde agora e sim desde a eternidade nos planos de Deus.

Deve também mostrar ao crente que os planos de Deus não estão deixados à sorte e que o homem também não vive a sua própria sorte, todos os acontecimentos da terra estão planejados por Deus e quando pensamos nisso precisamos entender que não há aqui espaço para o medo de perder algo que nos foi dado por Deus uma vez que Ele contempla não só o passado e presente como toda a eternidade. O homem não consegue surpreender a Deus pois tudo que ele disse já se cumpriu nos seus planos.

Mantenhamos portanto, firmes na nossa convicção acerca da salvação em Cristo Jesus e de todas as suas promessas.

Bibliografia:
Citações externas: Teologia Sistemática – Augustus Hopkins Strong – ed. Hagnos; Razão da esperança – Leandro Antonio de Lima – ed. Cultura Cristã. Versão bíblica: King James Fiel 1611 – ed. bv books

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O QUE HOUVE COM O PROJETO BLUE BEAM?

CRÍTICA TEXTUAL EM CRISE

Cego de Jericó - Adoração humilde